O grande mestre Deepak Chopra nos ensinou que a dor e o sofrimento não são sinônimos. Ele aponta que se não interferirmos, o corpo elimina espontaneamente a dor, livrando-se dela no momento em que a causa subjacente for curada.
Em meio a seus estudos, Chopra percebeu que o sofrimento é a dor à qual nos agarramos. Esse sofrimento tem origem no misterioso instinto da mente de acreditar que a dor é boa, que não pode ser evitada ou que a merecemos. Chopra conta que se nenhuma dessas ideias estivesse presente, o sofrimento não existiria, pois, é preciso muita energia mental para criar o sofrimento, uma mistura de crença e percepção sobre a qual a pessoa julga não ter controle. Porém, Chopra nos ensina que por mais inevitável que o sofrimento possa parecer, a maneira de escapar não é atacando o sofrimento em si, e sim dirigindo-se à irrealidade que faz com que nos agarramos à dor.
A causa secreta do sofrimento é a irrealidade em si. Em seu livro Chopra apresenta uma evidência dramática desse fato, de forma bastante comum. O pesquisador conta que sintonizou por acaso em um desses programas de televisão no qual pessoas nascidas com deformidades físicas recebem uma transformação grátis completa, que inclui as mais recentes inovações da cirurgia plástica, da odontologia e da estética.
No episódio que ele sintonizou, as pessoas que desejavam ansiosamente um tratamento eram gêmeas idênticas. Uma das gêmeas em cada par queria mudar a aparência, e a outra não. Já adultas, as gêmeas não pareciam mais exatamente iguais. A “feia” em cada par tinha quebrado o nariz, danificado os dentes ou engordado demais. O fato dramático para Chopra era como esses defeitos estéticos eram insignificantes quando comparados com a intensa convicção, compartilhada pelas duas gêmeas de cada par, de que uma era extremamente bonita e a outra abominavelmente feia. As “feias” admitiram que nem um dia se passava sem que se comparassem com as irmãs “bonitas”. Nesse programa de televisão Chopra testemunhou todos os passos que conduzem ao sofrimento. São eles:
Deixar de perceber os verdadeiros fatos;
Adotar uma percepção negativa;
Reforçar essa percepção por meio do pensamento obsessivo;
Perder-se na dor sem procurar uma saída;
Comparar-se com os outros;
Cimentar o sofrimento através de relacionamentos.
Estudando esses 6 passos, Deepak Chopra percebeu que se existisse um manual de como sofrer esses passos certamente estariam nele. Por dedução, ele notou que as instruções para terminar o sofrimento inverteriam esses passos e trariam a pessoa de volta à realidade. Chopra colocou tudo isso em seu livro, “O Livro dos Segredos”, confira abaixo como ele trabalha e explica cada um desses pontos.
Deixar de perceber os fatos: o início do sofrimento envolve a recusa da pessoa de contemplar a verdadeira situação. Há vários anos, alguns pesquisadores realizaram uma pesquisa para verificar como as pessoas lidam com uma crise inesperada. O estudo foi patrocinado por terapeutas que esperavam descobrir para onde as pessoas se voltam em busca de ajuda quando se veem em dificuldades . Quando uma terrível desgraça acontece – por exemplo, quando as pessoas são demitidas, abandonadas pelo cônjuge ou recebem um diagnóstico de câncer – quinze por cento procuram um aconselhador, terapeuta ou pastor para obter algum tipo de ajuda. O restante assiste à televisão. Elas se recusam até mesmo a considerar a possibilidade de examinar o problema ou de discuti-lo com alguém capaz de ajudar.
Os terapeutas que patrocinavam a pesquisa ficaram horrorizados com essa profunda recusa em aceitar a situação, mas não pude deixar de pensar o seguinte: assistir à televisão não é uma reação natural? As pessoas instintivamente tentam apagar a dor com prazer. Buda enfrentou a mesma situação muitos séculos atrás. Na época de Buda, as pessoas também tentavam aniquilar a dor porque as monções não vinham e toda a colheita foi perdida ou porque a família pereceu em uma epidemia de cólera. Como a televisão não existia, elas tinham de procurar outros escapes, mas a suposição era a mesma: o prazer é melhor do que a dor, de modo que deve ser a resposta para o sofrimento.
Substituir a dor pelo prazer pode dar certo a curto prazo, porque ambos são sensações, e se um for forte o suficiente, pode neutralizar o outro. Mas Buda não ensinou que a vida é dolorosa por causa da dor, e sim porque a causa do sofrimento não foi examinada. Uma pessoa pode estar sentada perto da piscina em Miami Beach, assistindo ao seu programa cômico favorito e comendo chocolate enquanto alguém lhe faz cócegas com uma pena. Ela não sentirá muita dor, mas pode estar sofrendo profundamente, sendo que a única saída é tomar medidas para se colocar frente a frente com a origem do sofrimento. O primeiro passo a ser dado é estar disposta a examinar o que realmente está acontecendo.
Percepções negativas: a realidade é percepção e a pessoa que sofre é dominada por percepções negativas que ela mesma cria. A percepção mantém a dor sob controle, não por reduzi-la, e sim por evitar uma dor ainda maior. É essa peculiaridade que a maioria das pessoas tem mais dificuldade em entender. O corpo elimina automaticamente a dor, mas a mente pode neutralizar esse instinto ao transformar a dor em uma coisa “boa”, no sentido de que ela é melhor do que outras possibilidades talvez piores. A confusão e o conflito interior são os motivos pelos quais a mente tem tanta dificuldade em curar a si mesma, apesar de todo o seu poder. Esse último foi lançado contra si mesmo e por conseguinte, a percepção, que poderia acabar instantaneamente com o sofrimento, prefere fechar a porta.
Reforçar a percepção: as percepções são flexíveis, a não ser que as fixemos. O eu é como um sistema em constante modificação, que incorpora o novo ao velho a cada momento. No entanto, se você sistematicamente se atormenta por causa de antigas percepções, essas se fortalecem a cada repetição. Consideremos um exemplo específico. Anorexia nervosa é o termo médico de um distúrbio no qual a pessoa, geralmente uma moça com menos de vinte anos, resolve passar fome como opção de vida. Se você entrevistar uma adolescente anoréxica que pesa pouco mais de quarenta quilos e lhe mostrar a foto de quatro tipos diferentes de corpos que variam de muito magro a muito gordo, ela dirá que o corpo dela corresponde a esse último, apesar de a estrutura dela ser, na verdade, esquelética. Se você for mais adiante e sobrepuser o rosto dela às fotos, a pessoa anoréxica mesmo assim escolherá o corpo mais gordo como sendo o dela. Essa imagem corporal distorcida confunde totalmente as outras pessoas. É estranho olhar uma estrutura esquelética no espelho e ver uma pessoa gorda (assim como é esquisito que gêmeas idênticas achem que uma e extremamente feia e a outra, bonita).
Nesses casos, a percepção foi distorcida devido a razões ocultas relacionadas com a emoção e a personalidade. Se mostrarmos a foto de quatro carros a pessoa anoréxica, ela pode facilmente dizer qual é o maior. A distorção acontece em um nível mais profundo no qual o “eu” decide o que é real a respeito da pessoa. Tão logo o “eu” decide algo sobre a pessoa, tudo no mundo exterior precisa se adequar a essa decisão. Na mente da pessoa anoréxica, a vergonha é fundamental para quem ela é e o mundo não tem escolha a não ser lançar-lhe de volta a sua imagem vergonhosa. Passar fome é a única maneira que ela consegue imaginar de fazer a garota gorda do espelho ir embora. Tudo isso leva a uma regra geral: a realidade é aquilo com o que nos identificamos.
O fato de a vida nos machucar em algum lugar significa que nos trancamos em uma espécie de falsa identificação, contando a nós mesmos histórias pessoais e incontestadas a respeito de quem somos. A cura da anorexia envolve forçar de alguma forma uma separação entre o “eu” e essa poderosa identificação secreta. O mesmo se aplica a todo tipo de sofrimento porque cada pessoa arbitrariamente se identifica sucessivamente com várias coisas que contam uma história errada a respeito de quem ela é. Mesmo que você fosse capaz de se cercar de prazer a cada minuto do dia, a história errônea sobre quem você é acabaria provocando profundo sofrimento.
Perder-se na dor: as pessoas possuem limiares de dor extraordinariamente diferentes. Pesquisadores submeteram voluntários a estímulos idênticos, como choques elétricos no dorso da mão, e pediram a eles que avaliassem o desconforto que sentiram, em uma escala de 1 a 10. Durante muito tempo se pensou que como a dor é registrada ao longo de trajetos neurais idênticos, as pessoas registrariam um sinal de dor mais ou menos igual (como, por exemplo, quase todo mundo seria capaz de sentir a diferença entre uma luz forte e uma fraca aplicadas sobre os olhos). No entanto, uma dor à qual alguns pacientes atribuíram o valor 10 foi avaliada como 1 por outros. Esse resultado indica não apenas que a dor encerra um componente subjetivo, mas também que a avaliamos de forma totalmente pessoal. Não existe um trajeto universal entre o estímulo e resposta. Uma pessoa pode ficar profundamente traumatizada com uma experiência que mal afeta uma outra.
O mais estranho a respeito desse resultado é que nenhum dos voluntários achou que estava criando uma resposta. Se colocamos sem querer a mão em um fogão quente, o corpo reage instantânea. No entanto, nesse momento, o cérebro está na verdade avaliando a dor e conferindo-lhe a intensidade que você percebe como sendo objetivamente real. E por não renunciarem ao controle da dor, as pessoas se perdem nela. “O que posso fazer? Minha mãe acaba de falecer e estou arrasado. Não consigo nem sair da cama pela manhã.” Parece haver nesta declaração um vínculo direto entre a causa (a morte de uma pessoa amada) e o efeito (a depressão). Mas, na verdade, o trajeto entre a causa e o efeito não é uma linha reta; toda a pessoa participa do processo, trazendo consigo grande quantidade de fatores do passado. É como se a dor entrasse em uma caixa preta antes de a sentirmos e se combinasse com tudo que nós somos, ou seja, toda a nossa história de emoções, memórias, crenças e expectativas. Se você tem consciência de si mesmo, a caixa preta não se apresenta tão lacrada e oculta. Você sabe que pode afetar o que está dentro dela. Mas quando sofremos, nós nos punimos. Por que a dor é avaliada em 10 em vez de 1? Simplesmente porque é. Na verdade, o sofrimento só persiste na medida em que nos permitimos permanecer perdidos na nossa criação.
Comparar-se com os outros: o ego quer ser o primeiro; por conseguinte, ele não tem escolha, a não ser envolver-se em um interminável jogo de comparação com os outros. Como todos os hábitos arraigados, este é difícil de romper. Um amigo soube recentemente que uma mulher das suas relações tinha morrido em um acidente de carro. Ele não a conhecia bem, mas se dava com todos os amigos dela. Poucas horas depois da morte dela, uma enorme melancolia tinha se abatido sobre eles. A mulher era querida e tinha praticado muitas boas ações. Era jovem e cheia de otimismo, e por isso as pessoas sofrem ainda mais. Meu amigo se viu envolvido na situação: “eu me vi saindo do meu carro e sendo atropelado por um motorista que não parou para me socorrer, exatamente como aconteceu com ela. Eu não parava de pensar que deveria fazer mais do que apenas mandar flores e um cartão. Tirei férias na semana do funeral, e na verdade senti-me incapaz de me divertir, pensando o tempo todo sobre o choque e a dor de morrer daquela maneira.”
No meio dessas reações, meu amigo teve uma percepção repentina: “eu estava ficando cada vez mais melancólico quando pensei o seguinte: ‘não é a minha vida. Eu não sou essa mulher.’ A ideia me pareceu muito estranha. Quero dizer, não é bom sentir compaixão? Não deveria eu compartilhar a dor que todos os meus amigos estavam sentindo?” Naquele momento ele parou de se comparar com outra pessoa, o que não é fácil de fazer, pois todos obtemos uma identidade dos pais, dos amigos e do parceiro. Uma comunidade inteira reside fragmentada dentro de nós, composta por frações de outras personalidades.
Aprendemos com os outros o nosso estilo de sofrimento. Na medida em que você se sente estoico ou fraco, no controle da situação ou vítima, desesperado ou esperançoso, você está aderindo a reações estabelecidas por outra pessoa. Desviar-se desses padrões é estranho, até mesmo ameaçador. No caso do meu amigo, ele só se libertou de um padrão de sofrimento quando percebeu que o copiara de outra pessoa. Antes disso, ele queria sentir o que era adequado e o que esperavam dele. Queria se encaixar na maneira como outras pessoas viam a situação. Enquanto você se comparar com os outros, seu sofrimento continuará como uma forma de você se enquadrar.
Cimentar o sofrimento através de relacionamentos: a dor é uma experiência universal; por conseguinte, ela faz parte de todos os relacionamentos. Ninguém realmente sofre sozinho, e mesmo que você faça todo o possível para sofrer em silêncio, você afeta os que estão a sua volta. A razão pela qual as pessoas têm tanta dificuldade em conseguir um relacionamento saudável é o fato de a vida na família de origem ter exigido uma boa dose de inconsciência. Fazemos vista grossa ao que não queremos ver; permanecemos em silêncio com relação a coisas difíceis demais para discutir; respeitamos os limites mesmo quando eles colocam alguém em uma situação difícil. Em resumo, é na família que aprendemos a rejeitar a dor, e a dor repelida é apenas outro nome para o sofrimento.
Diante de uma escolha, a maioria das pessoas prefere preservar seus relacionamentos a parar de sofrer. Podemos constatar esse fato nas famílias onde é cometido o abuso e as vítimas não dizem nada nem vão embora. (Alguns estados aprovaram leis obrigando a polícia a prender agressores domésticos, apesar dos protestos dos cônjuges espancados e atormentados. Na ausência dessas leis, mais de metade das vezes a vítima toma o partido do agressor.) O relacionamento saudável baseia-se na percepção consciente; nele, os dois parceiros procuram romper antigos hábitos que promovem o sofrimento. Eles precisam manter um equilíbrio sutil entre a compreensão e o desapego, como fez meu amigo, porque sentir compaixão significa que somos sensíveis tanto ao sofrimento de uma outra pessoa quanto ao nosso. Não obstante, ao mesmo tempo, é preciso que haja um distanciamento para garantir que esse sofrimento, por mais real que seja, não seja a realidade dominante. As atitudes contribuem para um relacionamento saudável e se tornam parte de uma visão que nutrimos para nós mesmos e para a outra pessoa.
E aí, você já conhecia os ensinamentos de Deepak Chopra? Não? Então já passou da hora de você abrir sua mente para novas possibilidades, conhecimentos e técnicas. É hora de ser Diferenser!
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