A falta de atenção é o mal de nosso tempo. É um problema que tem sido muito debatido, especialmente devido à nossa dificuldade de lidar com tantos estímulos – e o celular é o maior vilão da nossa capacidade de concentração. Mas nem toda falta de atenção indica um diagnóstico de transtorno. É preciso cautela para diferenciá-los.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) acomete crianças, principalmente na idade escolar. O TDAH é uma doença crônica; manifesta-se na infância e pode persistir até a vida adulta. No entanto, muitos pais confundem características comuns da infância com o transtorno, e isso pode mais atrapalhar do que ajudar a vida dessas crianças, que são perfeitamente normais e saudáveis.
Para aquelas crianças e adultos que realmente têm o transtorno, algumas técnicas terapêuticas, como a Constelação Familiar, podem trazer resultados muito positivos. A Constelação pode ter um papel central no tratamento e entendimento do transtorno em um contexto mais amplo, melhorando bastante o convívio entre pais e filhos. Quando cada um entende o seu lugar dentro do sistema familiar, muitas coisas são esclarecidas, e o esclarecimento é o primeiro passo para a melhora.
O que a Constelação Familiar diz sobre TDAH?
A origem do TDAH pode ser genética ou congênita – uma espécie de má-formação na região cerebral responsável pela concentração. Há fatores do comportamento dos pais que podem aumentar o risco de uma criança ter o transtorno, como o tabagismo.
Mas trata-se de um problema complexo. A má-formação do cérebro é apenas uma das causas possíveis do transtorno. Sistemas familiares com muitos emaranhamentos e questões mal resolvidas podem impactar diretamente na vida de cada membro, causando, entre outras coisas, o aparecimento do TDAH nas crianças.
Para a Constelação Familiar, o TDAH pode estar ligado a grandes perdas durante a infância, como a exclusão de algum membro do sistema familiar. Desse modo, relacionamentos problemáticos e conturbados na família ou casos negligenciados de depressão podem ter relação direta com o surgimento do transtorno.
Filhos com TDAH
Crianças com TDAH parecem estar sempre agitadas. É a característica principal do transtorno. Elas mudam de atividade o tempo todo, e às vezes estão tão autocentradas que não ouvem quando a chamam. Para elas, é como se buscassem algo essencial o tempo todo. Isso gera uma sensação de urgência que as leva a tentar resolver as questões imediatamente, e, muitas vezes, subitamente.
Na visão da Constelação Familiar, as crianças com o transtorno estão, na verdade, trabalhando alguma questão familiar. Elas apenas o fazem da maneira como conseguem, e, muitas vezes, os adultos não são capazes de compreender ou interpretar esses padrões comportamentais da maneira correta. Isso pode gerar problemas que a criança vai carregar até a vida adulta: ela terá dificuldades de permanecer em um mesmo emprego, terá dificuldades para dirigir e para finalizar projetos. Essa sensação repetida de incapacidade e impotência pode levar a um quadro de ansiedade e depressão, e a origem é justamente a falta de preparo dos pais e professores para entender o que se passa com a criança.
Como a Constelação Familiar trata o TDAH?
A Constelação Familiar é uma técnica terapêutica que vem se mostrando extremamente eficaz na resolução de diversas questões. Seu grande diferencial é pensar de forma sistêmica, considerando a família toda, e não apenas seus membros de forma isolada. Quando se chega à origem dos problemas, eles podem ser ressignificados e, com isso, resolvidos.
Bert Hellinger dizia que o problema não é a criança, mas o sistema ao qual ela pertence. A principal causa de desordem em uma família é a exclusão ou o esquecimento de algum de seus membros. A criança direciona seu olhar justamente para aqueles que foram excluídos ou esquecidos. Resgatar e trazer à tona os excluídos é muito importante para tirar o fardo da criança, permitindo que ela possa finalmente olhar para si mesma, para seus talentos, sonhos e planos.
A exclusão de alguém do sistema familiar pode ter vários motivos. Alguém pode não ser aceito por ser diferente, por exemplo, ou por ter cometido algum erro considerado inaceitável pelos seus membros. E essa pessoa excluída pode até mesmo ser de gerações anteriores, alguém mantido em segredo, alguém cuja existência a família decidiu silenciar.
A Constelação Familiar vem para mostrar que nada nem ninguém pode ser simplesmente apagado. Tudo e todos têm um lugar próprio, que é insubstituível. Entender isso é fundamental para desfazer aos poucos o emaranhamento de sentimentos e questões mal resolvidas que existem.
Não podemos mudar as pessoas, nem o passado. Mas podemos (e devemos) honrar todos nossos ancestrais, pois cada um contribuiu como pôde para a construção da família. No momento em que todos percebem seu lugar, podem perceber também seu valor, e a vida pode finalmente se tornar mais leve. E isso tem um impacto maior na vida das crianças, que ainda estão em formação e têm a chance de se tornar adultos mais saudáveis emocionalmente e psicologicamente.
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