Artigo da Dra. Ana Paula Correia – Médica Veterinária – Publicado na Revista Saúde Quântica – 17º ED
Animais são seres sencientes. Senciência é uma palavra originada do latim sentire, que significa sentir, ou seja, é a “capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade” (SINGER, 2002). De forma sintética, é a capacidade de sentir, estar consciente de si próprio ou apenas do ambiente que o cerca. Não há diferença fundamental entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (…) os animais, como o homem, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento. A evolução das partes do sistema nervoso, responsáveis pela sensação de dor e de prazer, aconteceu entre os animais vertebrados, principalmente pássaros e mamíferos. Eles possuem seus sistemas nervosos, nesse aspecto, muito parecidos aos dos seres humanos.
Entretanto, o córtex cerebral, local do processamento mais sofisticado, não se desenvolveu da mesma forma entre os seres não humanos. Esta semelhança anatômica torna provável que a capacidade de sentir dos animais seja similar à nossa (SINGER, 2002). Esse argumento permite apoiar as conclusões de que tanto animais quanto seres humanos sentem dor. A saúde dos Pets é vista como um estado vital de bem-estar físico, mental, emocional, social e espiritual, que capacita o ser vivo a estar em equilíbrio com a sua existência. No caso destes, devemos levar em consideração a integração deles entre si e com os tutores.
A nossa escolha de conviver em nossos lares com Pets é de suma responsabilidade. Sabemos dos muitos benefícios na saúde física e emocional dos tutores, já comprovados em estudos científicos, porém também precisamos estar atentos às necessidades deles. Outro ponto muito importante é se estamos prontos para recebê-los em nossas vidas. Teremos condições físicas, psicológicas e financeiras? Possuímos tempo disponível para nos dedicarmos a eles? Espaço adequado? Estes são alguns dos principais questionamentos quando estamos pensando em agregar em nossas vidas um Pet.
Passado o processo de decisão e escolha do Pet mais adequado, é de fundamental importância que o médico veterinário atue como parceiro no processo de cura e na manutenção da saúde do animal. O tutor é informado que é parte do processo de decisão do plano de tratamento. As intervenções são dirigidas para tratar o doente, bem como para assistir o Pet como um todo: abordando todos os aspectos que influenciam o processo da doença e da cura.
Os tutores são orientados a reconhecer, administrar e diminuir os fatores estressantes. Recebem também orientações nutricionais: os alimentos são considerados agentes fundamentais na promoção da doença e da saúde. As influências ambientais nas etapas de prevenção e cura das afecções que acometem os animais, incluindo distúrbios comportamentais, são abordadas, investigadas e consideradas no plano de tratamento. A cada paciente é desenvolvido um plano individualizado, baseado em suas demandas e necessidades. A promoção de saúde e a prevenção são enfatizadas neste plano.
Fatjó et al. (2006), em estudo realizado no Brasil, constatou que 98,3% dos veterinários eram consultados por problemas de comportamento. Os cinco principais problemas de comportamento encontrados para os cães foram: comportamentos destrutivos, agressividade, eliminações inapropriadas com urina e fezes, vocalizações excessivas, medo de barulhos.
Dantas et al. (2009) referem que os donos de gatos apontaram como principais problemas: eliminação de fezes e urina e os comportamentos destrutivos. Beaver (1992) enumera como principais queixas dos donos de gatos: o arranhar, as eliminações inapropriadas, comportamentos como fobias ou de ansiedade, agressividade, automutilação, lutas e vocalizações excessivas. Comportamentos estes, que fazem parte das estatísticas de causas de abandono animal.
Atualmente existem medicamentos utilizados em medicina veterinária para tratar problemas comportamentais. Nem sempre são eficazes e por muitas vezes produzem efeitos colaterais que afetam a saúde do animal. Neste aspecto foi de fundamental importância o lançamento da linha Zooquantic pelo grupo Fisioquântic, voltada para equilibrar problemas comportamentais em animais de todas as espécies.
São 23 produtos, sendo dezoito em apresentados em gotas e cinco apresentados na forma de gel. São de uso veterinário, sem finalidade para tratamento ou cura de enfermidades, portanto não são medicamentos, e sim florais frequenciais. São voltados para promover o bem-estar dos animais, porque atuam no equilíbrio emocional, através de sua ação energética, sem gerar efeitos colaterais. Podem ser utilizados de forma única ou associados a outras terapias integrativas. Também podem complementar tratamentos convencionais. São recomendados tanto para animais domésticos como silvestres e em qualquer fase da vida, podendo ser utilizados sem restrição, por não possuírem princípios ativos.
Pontos importantes a serem observados na prescrição:
- Espécie (caninos, felinos, aves, roedores, equinos, bovinos, ovinos, caprinos, etc)
- Idade (filhotes são mais hiperativos)
- Raça (particularidades)
- Sexo (comportamentos distintos entre machos e fêmeas nas diferentes espécies)
- Histórico (traumas, patologias)
- Ambiente (Convive com outros animais, crianças ou idosos? Como é a dinâmica da casa?)
- Tutor (Modo de vida. Comprometido em cuidar do animal?)
Os florais devem ser administrados meses antes que ocorram tempestades e fogos de artifício, por exemplo, por não se tratarem de medicamentos. O efeito de equilibrar o organismo dos animais pode exigir certo tempo, dependendo do animal. Se o animal apresentar algum problema comportamental, a terapia floral deve ser iniciada o mais rápido possível. Esta terapia deve sempre ser supervisionada por um médico veterinário. Devemos também, sempre que possível, contar com a ajuda de um profissional especializado em comportamento. Por esta ser uma prática integrativa, é muito importante a união de esforços para um resultado mais rápido e melhor. A seguir iremos descrever cada um dos florais frequenciais da linha Zooquantic.
1- MEDO DE FOGOS (Fonofobia)
Medo incontrolável, terror ou trauma de barulhos altos. Resulta em estresse, insegurança, agressividade, depressão. Muitos fogem das residências. Apresentam micção involuntária, desespero em buscar abrigo. O floral Medo de Fogos visa promover coragem, autoconfiança, calma e tranquilidade.
Sugestões de uso: para equilibrar medos de barulhos altos, oriundos de festas de final de ano, finais de campeonatos, barulho constante de reforma em casa ou vizinhança.
Apresentações: gotas e gel.
2 MEDO DE TEMPESTADE (Astrofobia)
Medo desgastante de trovões, vento, chuva, causa do estresse e problemas comportamentais, como hipervigilância, agressividade, desconfiança, dificuldade de entrosamento. Pode ocorrer em decorrência do medo: taquicardia, salivação, vômito, diarreia. O floral Medo de Tempestade busca restaurar o equilíbrio e a harmonia, promover a calma.
Sugestões de uso: Tempestades, ventanias, trovoadas.
Apresentação: gotas.
3- LATIDO EXCESSIVO
Beneficia cães que latem excessivamente e felinos que miam sem motivo (muito comum em distúrbios cognitivos da velhice). Apresentam ansiedade, excitação e insegurança. O floral Latido Excessivo promove confiança, conforto e tolerância, calma e serenidade. Controla manifestações para chamar a atenção dos donos.
Sugestões de uso: Latidos e miados excessivos, para cães ditatoriais
Apresentação: gotas.
4-TRISTEZA
Animais tristes, apáticos, desanimados e que se isolam. Deixam de brincar e se alimentar, ficam pouco receptivos. O floral frequencial Tristeza auxilia no controle de emoções negativas e ajuda a devolver vitalidade, alegria e motivação.
Sugestões de uso: Perda do tutor, perda do animal com o qual convivia, abandono, mudança de ambiente, animais resgatados que sofreram maus tratos.
Apresentação: gotas.
5- HIPERATIVIDADE
Animais hiperativos, com excesso de energia. Impacientes e impulsivos, não conseguem ficar quietos. Podem ser agressivos, se agitam mesmo sem estímulos, correm atrás do rabo com frequência, não obedecem a comandos. Comportamento destrutivo. Hiperatividade é um floral frequencial que equilibra a energia excessiva, auxiliando a devolver a quietude.
Sugestões de uso: animais que destroem objetos de forma compulsiva, ditadores, cães que estão sempre alerta. Animais de raças que são de trabalho (Border Collie, Pastor Alemão, Pastor Malinois, Labrador, Golden Retriever ou mestiços dessas raças).
Apresentação: gotas.
6- ACEITANDO UM NOVO ANIMAL
A dificuldade em aceitar um novo animal ou uma criança gera desconforto emocional no animal e no tutor. Esse é o floral que trabalha a aceitação e a insegurança, auxilia na melhora do sentimento de inferioridade.
Sugestões de uso: Aceitação de um novo animal, um bebê ou novo morador, funcionário novo. Animais ciumentos, cães que frequentam creche.
Apresentação: gotas.
7-TRAUMAS
Para situações pós-traumáticas ou que provocam desequilíbrio emocional. Animais com síndrome do abandono. Em situações como idas ao veterinário, em viagens, andar de carro. Promove o equilíbrio energético de traumas e feridas psíquicas.
Sugestões de uso: Perda do tutor, perda do animal com o qual convivia, abandono, mudança de ambiente, animais resgatados que sofreram maus tratos, agressividade, filhotes, medos, todos os comportamentos que têm como componente o trauma. Durante tratamentos prolongados, pós-cirurgia.
Apresentações: gotas e gel.
8- PREGUIÇA E DESÂNIMO
Animais apáticos, sedentários, com excesso de peso, que apresentam humor oscilante. Esse floral melhora a autoestima e o bem-estar. Ameniza energeticamente o desequilíbrio alimentar.
Sugestões de uso: como complementar em animais que estão sob tratamento convencional de obesidade, com oscilação de humor e tendência à depressão.
Apresentação: gotas.
9- ESTRESSE
Animais cronicamente estressados apresentam-se nervosos, deprimidos ou com medo. Demonstram incômodos ou se sentem ameaçados com muita facilidade.
Não manifestam curiosidade. Reagem com exagero ao toque ou a ruídos. O floral Estresse reajusta e reequilibra as emoções, bem como a disposição física.
Sugestões de uso: animais que nunca relaxam, estão “sempre alerta”.
Apresentações: gotas e gel.
10- COPROFAGIA
Animais com hábito de ingerir fezes próprias, de outras espécies ou de outro cão com o qual convivem. Um dos motivos comportamentais pode ser o desejo de chamar a atenção do tutor. O floral Coprofagia trabalha as causas emocionais deste hábito. Proporciona equilíbrio e paz, promove o bem-estar.
Observação: verificar outras causas da coprofagia, como verminose e/ou deficiência nutricional.
Sugestões de uso: Animais que têm hábito de ingerir fezes.
Apresentação: gotas.
11- INDISCIPLINA
Animais com comportamento destruidor, que urinam em locais inapropriados. Apresentam desejo de atenção e imaturidade. Indisciplina é um floral que promove harmonia e equilíbrio, estimulando o bom comportamento. Proporciona calma e estabilidade emocional.
Sugestões de uso: animais com dificuldade de receber comandos, dispersos, carentes, inseguros.
Apresentação: gotas.
12- INDISPOSIÇÃO PARA BRINCAR
Animais com indisposição geralmente estão com sofrimento emocional e desequilíbrio nervoso. Podem apresentar também manifestações cardíacas associadas. Este floral auxilia a resgatar o interesse em brincar e interagir.
Sugestões de uso: animais de resgate que nunca brincaram, animais com medo de interagir.
Apresentação: gotas.
13- APATIA E CANSAÇO
Animais com apatia e sensação de cansaço. Apresentam desânimo e sofrem com desequilíbrios respiratórios. Floral que equilibra e auxilia na vitalidade.
Sugestões de uso: para animais desanimados e para equilíbrio energético respiratório em aves e felinos, por exemplo. Utilizar antes das mudanças de estações climáticas.
Apresentação: gotas.
14- COMPORTAMENTO COMPULSIVO
Animais com sofrimento emocional, humor reprimido, raiva, irritabilidade. Ações repetitivas e constantes, sem propósito aparente. As causas são: estresse, ansiedade e frustração. Floral que possibilita o equilíbrio mental e energético.
Sugestões de uso: para todos os tipos de compulsão (alimentar, lambedura, andar em círculos, correr atrás da cauda – descartar patologias neurológicas), aves que arrancam as penas. Auxilia em desequilíbrios energéticos digestivos.
Apresentação: gotas.
15 – FALTA DE APETITE
Animais com desequilíbrios alimentares geralmente sofreram mudanças de rotinas ou passam muito tempo sozinhos. O Floral Falta de Apetite atua no reequilíbrio em perdas energéticas envolvendo hábitos alimentares e no equilíbrio da energia digestiva. Importante diferenciar a falta de apetite de problemas odontológicos.
Sugestões de uso: animais que só se alimentam na presença do dono, quando há necessidade de troca do tipo de alimento (ração), importante nos felinos que não devem sofrer jejuns prolongados.
Apresentações: gotas e gel.
16- CONFORTO E BEM-ESTAR
Animais com debilidades energéticas sentem desconforto e o bem-estar está em desequilíbrio. Este floral promove o resgate energético em geral e modula de forma vibracional mecanismos de defesa.
Sugestões de uso: em filhotes, antes e após cirurgias e exames, nos casos de mudança de ambiente e em animais resgatados.
Apresentação: gotas.
17 – ANSIEDADE
Em animais ansiosos e nervosos, impacientes e desatentos, angustiados e que apresentam tendência a doenças alérgicas, este floral promove o equilíbrio energético.
Sugestões de uso: em animais ansiosos, auxiliar na Síndrome da Ansiedade de Separação (SAS), em lambeduras, na compulsão alimentar e em animais que se urinam quando o tutor chega a casa.
Apresentações: gotas e gel.
18- LAMBEDURA
Animais com hábitos de lamber as patas, “roer unha” ou outras partes do corpo de forma compulsiva. A lambedura excessiva é um tipo de compulsão. Geralmente apresentam coceira e tiques nervosos, muitos possuem problemas dermatológicos associados. O floral Lambedura auxilia no controle deste comportamento e promove a sincronização energética da pele.
Sugestões de uso: lambedura excessiva, animais com coceira e tiques nervosos.
Apresentação: gotas.
Para finalizar, outro ponto que destaco é a quantidade a ser administrada de cada produto. Depende do porte do animal. Quando o desequilíbrio é mais grave, sugiro repetir o floral várias vezes ao dia (menos quantidade de gotas a cada vez). Se for em gel, pode-se utilizar uma gota de menor tamanho, mais vezes ao longo do dia.
Apresentação em gotas:
Pequenos animais (aves, roedores e répteis): 1 gota, no mínimo 2 vezes ao dia, junto com a água ou alimento
Equinos, caprinos, ovinos, bovinos: quantidade de gotas suficiente para embeber o assoalho bucal.
Cães e gatos: seguir as tabelas estabelecidas por fabricantes de medicamentos e rações:
– Miniatura (até 3kg): utilizar 3 gotas, de 2 a 3 vezes ao dia;
– Pequeno porte (4 a 10kg): utilizar 5 gotas, de 2 a 3 vezes ao dia;
– Porte Médio (11 a 25kg): utilizar 10 gotas, de 2 a 3 vezes ao dia;
– Grandes e gigantes (acima de 25kg): utilizar 15 gotas, de 2 a 3 vezes ao dia;
– Filhotes: utilizar 1 gota, de 2 a 3 vezes ao dia.
REFERÊNCIAS
BEAVER, B. V. Feline Behavior: A Guide for Veterinarians. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1992.
DANTAS, L. M. S.; SOARES, G. M. S.; D’ALMEIDA, J. M.; PAIXÃO, R. L. Epidemiology of Domestic Cat Behavioral and Welfare Issues: a survey. The International Journal of Applied Research in Medicine v. 7, n. 3, p. 130-137, 2009.
FATJÓ, J. et al. The epidemiology of behavioral pro- blems in dogs and cats: a survey of veterinary practitioners. Animal Welfare, n. 15, p. 179-185, 2006.
SINGER, P. Ética Prática. 3ed. Tradução de J. L. Camar- go. São Paulo: Martins Fontes, 2002.